sábado, 18 de julho de 2009

MUSEU DA CATEDRAL - Série Museus de Manaus












Vou iniciar uma série de posts sobre os museus da cidade de Manaus, nos quais eu trabalhei, enfocando, principalmente, os seus aspectos museográficos.

Do Museu da Catedral de Nossa Senhora da Conceição fiz apenas o projeto da exposição de longa duração, cuja inauguração deveria coincidir com a entrega dos trabalhos de restauro da Catedral, concluídos em dezembro de 2003. Eu e a pequena equipe que dispunha, tivemos apenas dois meses para coletar o acervo, que se encontrava disperso, realizar as pesquisas, o levantamento das iconografias, preparar os painéis, projetar e confeccionar o mobiliário expográfico e montar a exposição. O projeto do Museu, que pertence à Arquidiocese de Manaus, foi patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura do Amazonas.

Localiza-se em um salão à direita do Altar Mór da Catedral. O acervo que mais chama a atenção são as peças do altar da missa campal celebrada pelo Papa João Paulo II, durante a sua visita a Manaus, em 1980. No meio do salão a equipe de arqueologia deixou a descoberto antigas estruturas que ficavam abaixo do piso. Consta também do acervo uma curiosa carta, encontrada dentro de uma garrafa durante a restauração, escrita por um dos operários que trabalhou na construção da igreja, em 1877. Por motivos de conservação a carta original está sob a guarda do Departamento de Patrimônio Histórico da SEC, em exposição colocamos uma cópia fotográfica.

As vitrines e suportes do acervo (mínimo, por sinal, merece que seja feita uma pesquisa para sua ampliação), foram projetadas totalmente em vidro, uma forma que encontramos de dar leveza ao ambiente, dominado por uma parede de pedras vermelhas, típicas da região das Lajes, em Manaus. As cores utilizadas nos painéis informativos seguem o padrão de cores dos elementos arquitetônicos, em tons bege, terrosos. É um museu singelo, onde as pessoas entram de forma silenciosa e formal, como se o espaço museológico fosse continuação daquele sacro, talvez porque os objetos expostos ainda façam parte dos rituais da Igreja Católica, como as imagens que são retiradas do museu a cada ano, para percorrerem a procissão do Senhor Morto, na Semana Santa. O museu não "dessacralizou" as imagens ao expô-las, como geralmente ocorre nos museus que possuem objetos religiosos, elas continuam sacras para os fiéis.

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